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Atendendo as necessidades nutricionais dos seus pacientes com uma dieta vegana

Atendendo as necessidades nutricionais dos seus pacientes com uma dieta vegana

Se o seu paciente segue uma dieta vegana, é importante que crie um plano alimentar equilibrado e que atenda todas as suas necessidades. Veja como pode ajudar, do ponto de vista nutricional, seus pacientes com nutrientes como proteínas, ferro, vitamina B12, zinco, cálcio, e ômega 3.

As dietas plant based (à base de plantas) tornaram-se conhecidas por uma boa razão! Existem cada vez mais estudos que destacam que o consumo de vegetais contribui para uma vida longa e saudável, uma vez que estes tipos de dietas estão associados a um menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e diabetes tipo 2

Para além disso, questões éticas e ambientais estão fazendo com que as pessoas sigam em direção a este tipo de dieta, tornando-a uma tendência atual no mundo da nutrição. Quando bem executado, este estilo de alimentação oferece uma série de benefícios para a saúde, mas, apesar dos seus melhores esforços, ele também pode favorecer a inadequação de nutrientes importantes.

Como nutricionista, você pode ajudar os seus pacientes veganos a alcançarem as suas necessidades nutricionais através de um plano alimentar bem elaborado. Mas quais os nutrientes que deve focar, porque eles são importantes, e qual o papel que desempenham no estado de saúde geral do seu paciente?

Antes de apresentarmos estes nutrientes, vamos entender primeiro o que é uma dieta vegana e quais os benefícios para a saúde que estão associados a ela.

O que é uma dieta vegana?

Uma dieta vegana se baseia, principalmente, em comer alimentos de origem vegetal, como as frutas, vegetais, oleaginosas, sementes, cereais integrais, e leguminosas. Produtos de origem animal, como carnes, ovos, leite e derivados, não estão incluídos nesta dieta.

Benefícios para a saúde

As dietas à base de vegetais têm ganhado destaque em relação aos benefícios para a saúde. Abaixo estão alguns pontos que fazem com que elas continuem na liderança:

  • Redução do risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Estudos descrevem que as pessoas que seguem uma dieta vegana têm menos 75% de chance de desenvolverem pressão alta, e um menor risco de morrerem de uma doença do coração

  • Auxílio no controle do peso. Verificou-se que pessoas que seguiam uma dieta vegana tinham um IMC inferior ao dos que seguiam uma dieta não vegana. 

  • Redução do risco de desenvolver diabetes. As pessoas que seguiam uma dieta vegana apresentaram menor risco de desenvolver diabetes tipo 2 comparado aos que não a seguiam. 

  • Proteção contra alguns tipos de câncer. Legumes, frutas, e vegetais têm benefícios de proteção contra o câncer, o que pode explicar o porquê dos veganos terem um risco de desenvolverem a doença reduzido em 15%.

Nutrientes a considerar

Ainda que as dietas veganas tragam muitos benefícios, o seu paciente pode não conseguir ingerir os nutrientes, como proteínas, ferro, vitamina B12, cálcio, zinco, ou ômega 3 em quantidades adequadas. Vamos analisar cada um deles.

Proteínas

De acordo com o Guia Alimentar para a População Norte-Americana de 2020-2025 (Dietary Guidelines for Americans - DGA), os adultos devem consumir entre 10% e 35% da energia em proteína, ou 0.8 gramas de proteína por quilograma de peso corporal por dia.

Veganos podem ter dietas menos adequadas em proteínas, como as fontes alimentares de origem vegetal contêm menos proteínas que as animais e aminoácidos limitantes, esses pacientes necessitam consumir mais deste nutriente.

Entretanto, quando as necessidades energéticas são atendidas e as fontes vegetais são variadas, os aminoácidos são fornecidos em quantidades suficientes.

Você pode ajudar os seus pacientes a atenderem as suas necessidades de ingestão de proteínas através de suplementos ou fontes alimentares como leguminosas, produtos à base de soja (bebidas vegetal, tofu e tempeh), proteínas vegetais análogas à carne, sementes e oleaginosas.

Ferro 

O ferro está presente na hemoglobina dos glóbulos vermelhos, e é essencial para transportar oxigênio para todo o corpo. Uma vez que ajuda no funcionamento das células, imunidade, síntese do DNA e desenvolvimento neurológico, a deficiência no ferro pode levar a fraqueza, anemia, mal-estar gastrointestinal, e deficiência das funções cognitivas.

O ferro heme e o não-heme são duas formas deste mineral disponíveis nos alimentos; o primeiro encontra-se na carne, enquanto que o segundo encontra-se em vegetais ou alimentos fortificados. No entanto, o ferro não-heme tem uma disponibilidade de apenas 5-12%, e como algumas fatores antinutricionais presentes em grãos, leguminosas e cereais diminuem ainda mais a absorção, pessoas que seguem uma dieta vegana têm um risco aumentado de desenvolver deficiência de ferro.

A dose diária recomendada para o ferro varia conforme o sexo e a idade. A dose diária recomendada (RDA) para adultos de acordo com o Food and Nutrition Board, Institute of Medicine (IOM) é a seguinte:

  • Homens e mulheres que não menstruam: 8 mg
  • Mulheres que menstruam (<18 e 19-50 anos de idade): 15 mg e 18 mg, respectivamente
  • Gestantes: 27 mg
  • Lactantes (19-50 anos de idade): 9 mg
  • Homens e mulheres que seguem uma dieta vegana: 1.8 vezes a dose diária recomendada devido à biodisponibilidade.

Você pode ajudar os seus pacientes a atenderem as suas necessidades de ingestão de ferro através de suplementos ou de fontes alimentares como grãos, leguminosas, vegetais verde escuros, tofu e alimentos fortificados.

Vitamina B12

A Vitamina B12 tem muitas funções importantes, uma vez que é necessária para a síntese do DNA, formação de glóbulos vermelhos e funcionamento do sistema nervoso central. Sua deficiência pode resultar em sérias complicações, como a anemia megaloblástica, perda de peso, perda de memória e desorientação. Uma vez que fontes alimentares vegetais não proporcionam quantidades significativas de vitamina B12, recomenda-se que as pessoas veganas avaliem regularmente os níveis de B12.

A dose diária recomendada para vitamina B12 é:

  • Crianças mais velhas e adultos: 2.4 mcg/dia
  • Gestantes e lactantes: 2.6 e 2.8 mcg/dia, respectivamente
  • Adultos: até 2.4 mcg/dia (contudo, estes valores podem ser maiores devido à menor absorção de B12 e ao risco aumentado de deficiência)

Você pode ajudar os seus pacientes a alcançarem as suas necessidades de vitamina B12 através de suplementos ou fontes alimentares como levedura nutricional, alimentos fortificados e bebidas vegetais.

Cálcio 

O cálcio tem um papel vital na manutenção da saúde óssea, coagulação sanguínea, secreção de hormônios, e função muscular. Quando o consumo alimentar é inadequado, o corpo retira o cálcio dos ossos para manter a homeostase do cálcio, o que pode levar a ossos mais fracos e até a osteoporose com o passar do tempo. Alguns estudos indicaram que os veganos apresentaram risco aumentado de fraturas nos ossos devido a menor ingestão de cálcio.

A dose diária recomendada para o cálcio é:

  • Homens adultos (19-70 anos de idade) e mulheres adultas (19-50 anos de idade): 1,000 mg
  • Homens e mulheres acima de 70 e 50 anos de idade, respectivamente: 1200 mg

Você pode ajudar os seus pacientes a atenderem as suas necessidades de cálcio através de suplementos alimentares ou alimentos ricos em cálcio como bebidas vegetais e tofu), vegetais vegetais verde escuros, brócolis, abóbora, feijões e amêndoas.

Zinco

Do papel no sistema imune ao metabolismo e à estrutura do DNA, o zinco é um mineral importante e necessário para a saúde. Como tal, uma deficiência pode provocar queda de cabelo, atraso na cicatrização de feridas e problemas de desenvolvimento. Para além disso, esta deficiência impacta negativamente os sistemas reprodutivo e nervoso central.

Estudos sugerem que veganos podem ter níveis de zinco ligeiramente mais baixos devido a menor biodisponibilidade que ocorre por conta da presença de fatores antinutricionais presentes nas fontes alimentares vegetais. Contudo, algumas práticas culinárias, como o remolho de leguminosas ou a fermentação, podem reduzir a concentração desses fatores e melhorar a biodisponibilidade do zinco.

A dose diária recomendada para o zinco é:

  • Adultos: 8–11 mg
  • Gestantes: 11–12 mg
  • Lactantes: 12–13 mg 
  • Veganos: >1.5 vezes a dose diária recomendada

Você pode ajudar os seus pacientes a alcançarem as suas necessidades de zinco através dos suplementos alimentares ou dos cereais integrais, soja, feijão, oleaginosas e sementes.

Ácidos graxos ômega-3

Este tipo de gordura poli-insaturada é importante para a produção de hormônios, para a saúde cerebral e cardiovascular, imunidade e coagulação do sangue. Existem três tipos comuns de ômega 3 - ALA, EPA, e DHA - sendo o primeiro encontrado nos alimentos de origem vegetais.

Contudo, estudos referem que pessoas veganas têm menos concentrações de EPA e DHA comparativamente aos não veganos, e apesar do ALA poder se converter em EPA e DHA, essa conversão é limitada. Dessa forma, pessoas veganas têm um risco aumentado de terem uma ingestão inadequada de ômega 3 e o consumo adequado deste nutriente tem sido associado a risco reduzido de de desenvolver depressão, doenças cardiovasculares, artrite e vários tipos de câncer.

Ainda que neste momento não exista uma recomendação para EPA e DHA, há um consenso por parte dos especialistas que a ingestão entre 250 - 300 mg por dia é suficiente

Você pode ajudar os seus pacientes a alcançarem as recomendações de ômega 3 através do uso de suplementos alimentares ou de fontes alimentares como óleos vegetais de soja e canola, sementes de linhaça e chia, e oleaginosas.

Resumo

Se o seu paciente segue uma dieta vegana, é importante que crie um plano alimentar que atenda todas as suas necessidades. Proteínas, ferro, vitamina B12, zinco, cálcio, e ômega 3 são alguns dos nutrientes mais relevantes nos quais você deve focar, por isso, ao incluir alguns alimentos, poderá criar um plano alimentar equilibrado para ajudar os seus pacientes veganos a atenderem todas as necessidades nutricionais.


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