Saber criar um plano alimentar é uma habilidade valiosa que irá beneficiar tanto você, como nutricionista, quanto os seus pacientes. Preparamos o manual essencial, passo a passo, para te ajudar a criar planos alimentares que seus pacientes vão querer cumprir.

Criar planos alimentares realistas e eficazes é uma das coisas mais valiosas que você pode fazer pelos seus pacientes. Prescrever um plano alimentar personalizado e trabalhá-lo de forma individualizada, ajuda seus pacientes a se sentirem apoiados e orientados a fazer as escolhas certas tendo em conta as suas metas em relação à saúde.

No entanto, muitos nutricionistas evitam criar planos alimentares, considerando a tarefa muito difícil, e sabemos que fazer planos alimentares pode ser uma tarefa tediosa e ainda existe a probabilidade de que os pacientes não cumpram se este não for de encontro às suas preferências alimentares e estilo de vida. Isto deixa tanto o nutricionista como o paciente com o sentimento de frustração.

Então, como você pode criar um bom plano alimentar que priorize a saúde e metas do seu paciente e ao qual ele vai querer aderir? Antes de conhecer como pode criar um plano alimentar, vamos tentar entender, em primeiro lugar, quais são os benefícios dos planos alimentares e porque deve considerá-los na sua prática clínica.

Benefícios dos planos alimentares

Independente do seu paciente querer ganhar massa muscular, dormir melhor, melhorar o sistema imune, ou comer mais vegetais, planos alimentares podem ser ferramentas valiosas para ajudá-lo a atingir suas metas de saúde e de bem-estar. Aqui tem alguns outros benefícios de usar planos alimentares na sua prática.

1. Causa menos stress

Um plano alimentar elimina qualquer dúvida em torno da comida, uma vez que proporciona aos seus pacientes um esquema específico do que (e quando) comer. Isto também ajudará a aliviar a ansiedade que o seu paciente possa ter em torno da comida ou do ato de cozinhar, e ele não vai se sentir estressado a cada refeição.

2. Poupa dinheiro

Ter um plano alimentar irá simplificar as idas ao supermercado do seu paciente, pois ele saberá o quanto tem que comprar de cada ingrediente baseado no que você (como nutricionista) sugeriu no plano. Isto ajudará a eliminar compras impulsivas e ainda a poupar dinheiro a longo prazo.

3. Evita o desperdício de alimentos

Quando os pacientes seguem um plano alimentar personalizado, será menos provável que desperdicem alimento, uma vez que o objetivo será que eles comam o que foi recomendado.

4. Economiza tempo

Planos alimentares podem ser uma ótima opção para economizar tempo ao organizar com antecedência. Seja a preparação de refeições, cozinhar para vários dias, ou a fazer compras antecipadamente, os seus pacientes podem decidir o que funciona melhor para eles e planejarem para se manterem no caminho certo.

Manual passo a passo para criar um plano alimentar

Pode parecer intimidador criar um plano alimentar, mas seguindo o nosso passo a passo, poderá preparar um plano objetivo, fácil de seguir e que os seus pacientes vão querer cumprir.

Passo 1: Fazer a avaliação nutricional

Antes de começar o processo de elaboração do plano alimentar, você deve considerar a altura, peso, IMC, e ingestão alimentar habitual do seu paciente, para determinar as suas necessidades nutricionais e ajudá-lo a alcançar suas metas em relação à saúde e bem-estar. Isto irá auxiliá-lo a avaliar qualquer deficiência nutricional e resolvê-la no plano alimentar.

Contudo, é importante saber que cada paciente terá necessidades nutricionais diferentes, já que todas as pessoas são diferentes. Como tal, é crucial que trabalhe com os pacientes individualmente para determinar o que irá funcionar melhor para cada caso. Com isso em mente, alguns aspectos gerais devem ser considerarados antes de criar um plano alimentar personalizado.

  • Necessidades energéticas: Uma pessoa não-atleta necessita em média de cerca de 2000 calorias por dia para manter o seu peso e estar bem nutrida, já alguém que seja ativo regularmente poderá precisar de 2200 a 3000 calorias por dia (a depender se é do sexo masculino ou feminino) [1, 2].

  • Carboidratos: De acordo com o Guia Alimentar para a População Norte-Americana de 2020-2025 (Dietary Guidelines for Americans - DGA), a RDA (quantidade diária recomendada) para carboidratos é de 130 gramas por dia [3]. Se o seu paciente é muito ativo, recomenda-se a ingestão entre 5 a 7 gramas por quilograma de peso corporal por dia.

  • Proteína: As atuais recomendações da DGA sugerem que os adultos devem consumir entre 10% e 35% da energia em proteína, ou 0,8 gramas de proteína por quilograma de peso corporal por dia [3]. No entanto, recomenda-se que atletas e indivíduos muito ativos consumam entre 1,2 a 2,0 gramas de proteína por quilograma de peso corporal por dia para conseguirem suprir as suas necessidades energéticas.

  • Gordura: A DGA não mais específica um limite superior para a quantidade de gordura que deve ser consumida, pois a quantidade de gordura adequada irá depender das metas do seu paciente [3]. Porém, se o seu paciente é muito ativo, recomenda-se que 30% do seu consumo energético diário seja proveniente de gorduras saudáveis [4].

  • Necessidades de água: Para uma ótima hidratação, recomenda-se o consumo de 2 litros de água por dia. Contudo, atletas e indivíduos ativos podem precisar de mais, dependendo do seu nível de atividade.

Dica de profissional: O software de nutrição Nutrium ajuda-o a manter toda esta informação num único local, para que consiga proporcionar o melhor suporte possível aos seus pacientes.

Passo 2: Vá mais a fundo

Outro fator importante para levar em consideração antes de criar um plano alimentar personalizado é o de conhecer os hábitos alimentares e culinários do seu paciente. Afinal de contas, se não tirar algum tempo para conhecer o seu estilo de vida, objetivos e preferências alimentares, pode acabar por propor um plano alimentar que ele não seguirá.

Aqui tem algumas perguntas para fazer ao seu paciente que vão além das necessidades nutricionais.

  • Quais os alimentos que gosta e que não gosta?
  • Quanto tempo tem para cozinhar no dia-a-dia?
  • Como é a sua rotina diária?
  • Tem alguma alergia alimentar?
  • Como normalmente é sua lista de compras?
  • Existem outras pessoas na sua casa que devem ser consideradas?
  • O que o impede de viver um estilo de vida mais saudável?
  • Tem algum objetivo específico (físico, mental ou outro)?

Fazer estas perguntas pode proporcionar um maior conhecimento dos hábitos alimentares do seu paciente, e assim pode criar um plano alimentar que se encaixe no seu estilo de vida.

Passo 3: Criar um modelo geral

Agora que já coletou informações importantes é o momento de começar a elaborar o plano alimentar que irá atender às necessidades e metas de saúde e bem-estar e se encaixar no estilo de vida do seu paciente.

Apesar de poder fazer isso à mão, é mais fácil usar um software de nutrição para fazer o trabalho pesado. O Nutrium oferece modelos de planos alimentares que poderá usar para simplificar este processo (que atendem necessidades nutricionais e trazem ideias de refeições), mas você pode personalizar cada modelo em função das metas, níveis de atividade física, orçamento para compras, preferências de estilo de vida, e quaisquer alergias ou intolerâncias alimentares do seu paciente.

O Nutrium também oferece uma análise dos macro e micronutrientes de cada receita e plano alimentar, para que possa assegurar que os seus pacientes alcançam as suas necessidades nutricionais.

Passo 4: Desenvolva uma lista de compras

Graças ao app do Nutrium, será gerada uma lista de compra para cada paciente, baseada no plano alimentar que você criou para eles. Saiba mais sobre essa funcionalidade no nosso tutorial passo a passo.

Passo 5: Pergunte aos pacientes, acompanhe e faça melhorias

Fazer o acompanhamento, entre consultas, dos seus pacientes será uma oportunidade para ver o que está correndo bem e o que não está. Isto permite que consiga oferecer recomendações no momento, ou outras dicas, para dar apoio ao seu paciente até à próxima consulta.

Durante as consultas de seguimento, peça o feedback dos seus pacientes sobre o plano alimentar e faça as alterações necessárias para que eles consigam manter as suas recomendações. Recorde-os que, apesar de ser normal encontrar alguns desafios ao longo do caminho, é importante focar nos pequenos passos e celebrar as pequenas vitórias. O seu paciente vai se sentir acolhido e, ao mesmo tempo, vai continuar entusiasmado em trabalhar, juntamente com você, para alcançar as metas.

Resumo

Criar planos alimentares pode ser uma tarefa assustadora, mas seguindo estes passos, será capaz de criar um plano personalizado que irá ajudar os seus pacientes a atingirem as suas necessidades nutricionais e as suas metas em relação à saúde.

Referências:

  1. U.S. Department of Health and Human Services and U.S. Department of Agriculture. 2015 – 2020 Dietary Guidelines for Americans. 8th Edition. December 2015. Available at https://health.gov/our-work/food-nutrition/previous-dietary-guidelines/2015.

  2. Tiller, N. B., Roberts, J. D., Beasley, L., Chapman, S., Pinto, J. M., Smith, L., Wiffin, M., Russell, M., Sparks, S. A., Duckworth, L., O'Hara, J., Sutton, L., Antonio, J., Willoughby, D. S., Tarpey, M. D., Smith-Ryan, A. E., Ormsbee, M. J., Astorino, T. A., Kreider, R. B., McGinnis, G. R., … Bannock, L. (2019). International Society of Sports Nutrition Position Stand: nutritional considerations for single-stage ultra-marathon training and racing. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 16(1), 50. https://doi.org/10.1186/s12970-019-0312-9

  3. Dietary guidelines for Americans, 2020-2025 - executive ... (n.d.). Retrieved March 11, 2022, from https://www.dietaryguidelines.gov/sites/default/files/2020-12/DGA2020-2025ExecutiveSummary_English.pdf

  4. Pramuková, B., Szabadosová, V., & Soltésová, A. (2011). Current knowledge about sports nutrition. The Australasian medical journal, 4(3), 107–110. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3562955/