A nutrição é fundamental quando se trata de saúde óssea e de doenças relacionadas como a osteoporose. Aqui você encontra como poderá criar um plano alimentar focado em certos nutrientes para ajudar os seus pacientes a se alimentarem para melhorar a densidade óssea.

Se o seu paciente tem osteoporose (ou tem um risco aumentado de desenvolver essa doença), há algumas maneiras de apoiá-lo nutricionalmente. Mas antes de explorar alguns nutrientes-chave, vamos entender o que é osteoporose e quais os fatores de risco que você deve estar atento.

O que é osteoporose?

A osteoporose é uma doença óssea marcada pela perda progressiva da densidade mineral óssea e pelo comprometimento da força óssea, o que aumenta o risco de fraturas ao longo do tempo. Isto se tornou um problema crônico ao longo dos anos, pois estima-se agora que mais de 200 milhões de pessoas no mundo têm osteoporose, com 1 em cada 3 mulheres com mais de 50 anos de idade podendo ter fraturas osteoporóticas durante sua vida.

A saúde óssea pode ser afetada por inúmeros fatores - incluindo escolhas de estilo de vida, genética, hormônios, condições de saúde e certos nutrientes - portanto, como nutricionista, é importante avaliar o seu paciente como um todo para fornecer a melhor orientação nutricional possível.

Fatores de risco para a osteoporose

Infelizmente, a osteoporose geralmente não apresenta nenhum sintomas, portanto, seu paciente pode não perceber que tem a doença até que ocorra uma fratura óssea. Por essa razão, a avaliação de fatores de risco desempenha um grande papel no auxílio dos pacientes com osteoporose, por isso, aqui estão os mais comuns que merecem atenção.

  • Raça, idade e gênero. Embora a osteoporose possa ocorrer em qualquer raça, grupo etário e gênero, ela é mais comum em caucasianos, idosos e mulheres.

  • Tamanho corporal. Foi descoberto que mulheres e homens que têm estruturas corporais menores tem um risco aumentado para osteoporose quando comparados com pessoas com maior estatura.

  • História familiar. O risco de desenvolver osteoporose pode aumentar se o seu paciente tiver um histórico familiar da doença.

  • Alterações hormonais. A menopausa é uma causa comum de osteoporose devido a mudanças nos níveis de estrogênio.

  • Outras condições de saúde. Doenças gastrointestinais, artrite reumatóide, certos tipos de câncer, HIV/AIDS e anorexia nervosa podem contribuir para que o seu paciente desenvolva osteoporose.

  • Estilo de vida. Baixos níveis de atividade física, consumo excessivo de álcool e tabagismo aumentam o risco de osteoporose.

  • Dietas plant based. Os vegetarianos e veganos têm risco aumentado de desenvolver osteoporose e ter fraturas do quadril quando comparados as pessoas não vegetarianas.

Nutrientes de preocupação para a saúde óssea

A alimentação desempenha um papel importante na saúde óssea e na prevenção ou tratamento da osteoporose. Se o seu paciente tem essa doença (ou está em risco de desenvolvê-la), aqui estão alguns nutrientes de preocupação para se concentrar.

Cálcio

O cálcio é o mineral mais abundante no corpo e desempenha um papel importante nas contrações musculares, liberando hormônios e transmitindo mensagens através dos nervos. É também um nutriente crucial a ser considerado quando se trata de densidade óssea, uma vez que desempenha um papel integral na estrutura óssea.

Como os ossos passam por um processo de remodelação, eles ganham e perdem cálcio continuamente, o que pode beneficiar os ossos ou significar um desastre, dependendo da ingestão de cálcio do seu paciente. Se a ingestão de cálcio for adequada, os ossos se beneficiam; quando a ingestão é baixa, o organismo retira cálcio dos ossos para compensar, o que pode levar ao enfraquecimento dos ossos e a um aumento do risco de fraturas.

A ingestão diária recomendada (RDA) de cálcio é de 1.000 mg para a maioria dos adultos de 19 a 70 anos, e 1.200 mg para mulheres acima de 50 e homens acima de 70. Embora seja possível obter o cálcio através de fontes alimentares, a suplementação também pode ser necessária para atender às necessidades do seu paciente.

Dica: O cálcio funciona melhor quando associado à vitamina D. Esta vitamina ajuda o corpo a processar e absorver o cálcio, por isso é importante garantir que ambas as necessidades nutricionais sejam atendidas na dieta do seu paciente.

Vitamina D

Muitas vezes definida como "vitamina solar", a vitamina D pode ser produzida na pele quando exposta aos raios UVB, e/ou obtida através da alimentação como vitamina D2 (presente em vegetais e levedura) ou D3 (presente em fontes animais).

A vitamina D tem uma infinidade de benefícios - como saúde imunológica, auxílio na prevenção do câncer e redução do risco de diabetes - e pode até mesmo ser usada para melhorar o desempenho esportivo. Além disso, é importante para a manutenção da saúde óssea; uma vez que a vitamina D aumenta a absorção de cálcio no intestino e regula o cálcio e o fósforo, estudos mostraram que níveis reduzidos de vitamina D podem contribuir para o desenvolvimento de osteoporose e outras doenças ósseas.

A RDA para pessoas entre 1 e 70 anos é de 600 UI por dia, e para adultos acima de 70 anos é de 800 UI por dia. Entretanto, descobertas indicam que a deficiência é comum, uma vez que muitas pessoas não se expõem à luz solar o suficiente durante todo o ano para produzir vitamina D em níveis adequados, e ela só é encontrada em alguns poucos alimentos, nestes casos a suplementação pode ser necessária para atender às necessidades de vitamina D.

Proteína

A proteína é um macronutriente essencial que é composto de 20 aminoácidos diferentes, que podem ser considerados como blocos de construção do corpo. Nove dos aminoácidos precisam ser ingeridos através de fontes alimentares porque o corpo é incapaz de produzi-los sozinho; eles ajudam a construir e reparar os músculos, cicatrizar feridas e lesões, e sintetizar hormônios e enzimas. A proteína também tem sido positivamente correlacionada com a força óssea, uma vez que estudos referem que a ingestão adequada de proteína está associada a uma melhor força óssea, a uma menor taxa de perda óssea e ao risco reduzido de fratura do quadril, especialmente entre os idosos.

A Ingestão Dietética de Referência (DRI) para proteína é a seguinte:

  • Homens e mulheres sedentários: 0.8 g proteina/kg de peso/dia
  • Adultos sedentários acima de 65 anos: 1 - 1.2 g proteina/kg de peso/dia
  • Atletas e pessoas muito ativas: 1.2-2.0 g proteina/kg de peso/dia, a depender do tipo de treinamento e dos objetivos

Entretanto, estes valores irão variar dependendo dos níveis de atividade física, idade, estilo de vida e outras necessidades dos seus pacientes, portanto leve isso em consideração ao determinar a quantidade de proteína ideal para eles.

Vitamina B12

A vitamina B12 desempenha um importante papel no sistema nervoso central, na formação de hemácias saudáveis e na síntese de DNA. É também crucial para a reconstrução dos ossos, uma vez que a deficiência de vitamina B12 tem sido associada ao aumento dos riscos de fraturas, à diminuição da densidade mineral óssea e à redução do turnover ósseo, especialmente nas pessoas que seguem uma dieta vegetariana ou vegana.

A RDA para a vitamina B12 é de 2,4 mcg/dia para homens e mulheres acima de 14 anos, com este valor aumentando ligeiramente para 2,6 mcg/dia e 2,8 mcg/dia para gestantes e lactantes, respectivamente. Embora seja possível obter a vitamina B12 através de fontes alimentares, a suplementação também pode ser necessária para atender às necessidades do seu paciente.

Zinco

O zinco é um mineral essencial que está envolvido na função imune, síntese de proteínas, cicatrização, síntese de DNA, divisão celular, crescimento normal do tecido e homeostase óssea. Também tem sido associado à promoção da regeneração óssea, já que o zinco pode afetar positivamente as funções dos condrócitos e osteoblastos, enquanto inibe a atividade osteoclástica. Como tal, estudos sugerem que uma deficiência de zinco pode levar a um aumento do risco de doenças e fraturas ósseas.

A RDA para o zinco é de 11 mg/dia para homens acima de 14 anos, e 8 mg/dia para mulheres acima de 19; esse valor aumenta para 11 mg/dia e 12 mg/dia para gestantes e lactantes, respectivamente. Embora seja possível obter o zinco através de fontes alimentares, a suplementação também pode ser necessária para atender às necessidades do seu paciente.

Como aconselhar nutricionalmente seus pacientes para melhorar a saúde óssea

Agora que vimos alguns nutrientes preocupantes para a osteoporose, vamos nos aprofundar e discutir alguns alimentos que você pode incluir no plano alimentar do seu paciente para ajudá-lo a melhorar sua saúde óssea.

  • Cálcio: leite, queijo e outros produtos lácteos, vegetais verdes folhosos (como couve e brócolis), alimentos fortificados, chia, lentilha e sardinha.
  • Vitamina D: peixes com alto teor de gordura (como truta, salmão, atum e cavala), óleo de fígado de peixe, cogumelos e alimentos fortificados.
  • Proteina: ovos, laticínios, carne magra, aves, peixe, feijão, soja, tofu, suplementos à base de proteína e alimentos fortificados.
  • Vitamina B12: peixe, carne, aves, ovos, produtos lácteos e alimentos fortificados.
  • Zinco: ostras, caranguejo, lagosta, carne vermelha, aves, feijão, nozes, grãos integrais, alimentos fortificados e produtos lácteos.

Dica: nutrientes como vitamina C, magnésio, ácidos graxos ômega-3, fósforo e vitamina K também desempenham um papel na saúde óssea. Estes podem ser obtidos através de uma alimentação balanceada e/ou com a suplementação.

Embora a nutrição seja essencial para manter (e melhorar) a saúde óssea, não é o único fator a ser considerado. Você pode ajudar os seus pacientes a fortalecerem sua densidade mineral óssea ou administrarem a osteoporose através:

  • Do limite do consumo de alimentos com alto teor de sódio e de cafeína, álcool e refrigerantes.
  • Da prática regular de atividade física e de exercícios de força.
  • Da cessação do tabagismo.

Resumo

A nutrição é fundamental quando se trata de saúde óssea e de doenças relacionadas como a osteoporose. Graças a certos nutrientes, você pode ajudar os seus pacientes a alcançarem uma melhor saúde óssea através de recomendações nutricionais específicas e melhores escolhas de estilo de vida.


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