Não é uma dieta, não é adequado a todos e pode não fazer perder peso ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, jejum intermitente não é uma dieta. "É uma forma de estar e uma forma de alimentação".
Trata-se de uma estratégia de alimentação à qual nem todas as pessoas se adaptam.
Consiste em aumentar o período sem ingestão alimentar existente entre a última refeição do dia e a primeira do dia seguinte.
O jejum intermitente é o intervalo de tempo em que não há ingestão alimentar. Eis alguns exemplos:
• 8 horas: uma das formas mais fáceis, pois basta cumprir as oito horas de sono diárias. Nesse tempo, o corpo já fica naturalmente sem se alimentar, o que dá um descanso para o sistema digestivo e para o organismo como um todo;
• 12 horas: neste tipo de jejum, acrescenta-se mais algumas horas sem comer antes de deitar, o que é bastante prudente pois o fato de comer poucas horas antes de dormir atrapalha o sono. Ao acordar, é possível ficar sem comer por até uma ou duas horas até cumprir as 12 horas;
• 16 por 8: neste caso a pessoa fica 16 horas seguidas em jejum, tendo depois 8 horas de alimentação liberada (alimentação equilibrada e sem exageros);
• 1 por 1: neste caso faz-se jejum dia sim, dia não. No dia sim, de jejum, ingere-se apenas uma refeição com 500 a 600 calorias. No dia não, come-se normalmente;
• 5 por 2: aqui, há uma alimentação normal, mas sem exageros, por 5 dias e um semi-jejum (em que se consome refeições com 500 a 600 calorias) nos outros 2 dias;
• 6 por 1: envolve fazer jejum completo por 1 dia, e comer normalmente nos outros 6 dias.
Benefícios
Vale a pena ressaltar que apenas tem efeitos positivos se os alimentos consumidos durante as “janelas de alimentação” forem de boa qualidade nutricional. De nada adianta fazer jejum, para depois comer junk food, doces e alimentos processados.
A nível de benefícios, o que se lê na literatura é o seguinte:
• pode ser útil no emagrecimento;
• estimula a capacidade do cérebro a adaptar-se a mudanças;
• redução da inflamação: como o jejum intermitente é apenas um intervalo onde ocorre ingestão dos alimentos e não especifica o tipo de alimentação que é feita, a inflamação está sim relacionada com a qualidade dos alimentos em si e não apenas com o intervalo ou números de refeições feitas;
• melhora a regeneração celular;
• aumenta a longevidade.
Muitos dos benefícios associados ao jejum intermitente estão relacionados com a restrição energética e não com o jejum Intermitente propriamente dito, como é o caso da longevidade e regeneração celular.
Contraindicações
As principais contraindicações para o jejum intermitente são as seguintes:
• Gestantes;
• Lactantes;
• Jovens menores de 18 anos;
• Idosos;
• Diabéticos;
• Alguns tipos de medicação;
• Pacientes com baixo índice de massa corporal;
• Alguns pacientes com histórico de distúrbios alimentares;
• Síndrome dos ovários poliquísticos;
• Hipotiroidismo;
• Stress crónico;
• Menstruação irregular.
Mas, o que é que acontece mesmo quando privamos o nosso corpo de alimentos? Ora, o nosso organismo vê-se obrigado a procurar outra fonte de energia que não a comida. Numa primeira fase, apodera-se do açúcar que circula no nosso sangue. Depois, quando essa fonte escasseia, "ataca" as reservas de glicogénio que temos no nosso fígado. E se a necessidade de combustível for mesmo muita, então é na gordura que o nosso organismo se vinga, queimando-a para ter energia.
Este processo de cetose (uso de gordura para obter energia) pode ser uma mais-valia para quem pretende perder peso, contudo, há algo mais a acontecer dentro de nós. A privação de calorias (seja elevada ou continuada) faz com que o nosso corpo tente guardar o máximo de energia possível.
E como é que faz isso? ‘Matando’ as próprias células e alimentando-se desses ‘restos mortais’, um processo que cientificamente tem o nome de autofagia – descoberto nos anos 60 e que pode ser acelerado pela prática do jejum.
O nosso corpo começa por ‘assassinar’ as células mais velhas ou com algum tipo de defeito, alimentando-se delas ao invés de atacar as células boas – e é por isso que se acredita que o jejum intermitente pode ser um aliado contra o cancro, visto que se trata de uma doença causada pela proliferação de células de forma anormal e a diminuição da apoptose (capacidade de estas se suicidarem, especialmente quando ‘adoecem’, e darem oportunidade a novas).