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Nutricionista Clínica e Comportamental

Prática Alimentar Comportamental: Comer com Consciência e Respeito ao Corpo

segunda-feira, 07 de abril de 2025

Em tempos de dietas da moda, contagem de calorias e protocolos alimentares rígidos, a prática alimentar comportamental surge como um caminho mais gentil e individualizado. Essa abordagem propõe um olhar ampliado sobre a alimentação, que leva em consideração não apenas o que se come, mas como, por que, quando e em que contexto se come.

Ela parte da compreensão de que o comportamento alimentar é influenciado por múltiplos fatores — fisiológicos, emocionais, culturais e sociais — e que promover saúde envolve escutar e respeitar o corpo, desenvolver autonomia alimentar e desconstruir crenças rígidas sobre comida.


🍽️ O que é a prática alimentar comportamental?

A prática alimentar comportamental é uma abordagem centrada no paciente, que considera as dimensões biopsicossociais da alimentação. Seu foco está na promoção da saúde e bem-estar, e não em restrições alimentares ou metas estéticas.

Essa prática é baseada em estratégias como:

Mindful eating (atenção plena na alimentação)

Trabalho com crenças alimentares e padrões de comportamento

Estímulo à percepção dos sinais de fome e saciedade

Resgate do prazer e da autonomia ao comer


💬 Comer vai além da nutrição biológica

A alimentação é um comportamento complexo, que carrega significados culturais, afetivos, sociais e emocionais. Comer não é apenas uma ação biológica — é também uma expressão de identidade, memória, vínculo e prazer.

Por isso, quando a alimentação está permeada por culpa, medo ou descontrole, é necessário compreender o comportamento alimentar como um fenômeno multifatorial, e não apenas como uma questão de “força de vontade”.


🌱 Pilares da prática alimentar comportamental:

1. Comer com atenção plena

A atenção plena (mindfulness) na alimentação favorece a consciência sobre os sinais internos de fome e saciedade, promovendo maior conexão com o corpo e redução de comportamentos impulsivos.

2. Flexibilidade alimentar

Nenhum alimento é “bom” ou “ruim” isoladamente. Todos podem ter espaço dentro de uma alimentação equilibrada e prazerosa, sem extremismos ou moralizações.

3. Prazer ao comer

O prazer é um componente legítimo e essencial da alimentação saudável. Comer com satisfação favorece o equilíbrio e reduz o risco de episódios de compulsão ou culpa alimentar.

4. Reconhecimento dos gatilhos emocionais

A comida pode, sim, cumprir uma função emocional. Entender os gatilhos e ampliar o repertório de estratégias de enfrentamento é essencial para uma relação mais saudável com a comida.

5. Autocompaixão

Substituir a autocrítica por um olhar gentil consigo mesma(o) favorece o engajamento em mudanças sustentáveis, reduz o comportamento de tudo ou nada e melhora a relação com o corpo e a alimentação.


🤍 Resultados que vão além do peso

Os benefícios da prática alimentar comportamental não se restringem à perda ou manutenção de peso. Estudos mostram que essa abordagem contribui para:

Redução de comportamentos alimentares disfuncionais

Melhora da autoestima e imagem corporal

Diminuição do comer emocional e do comer restritivo

Maior satisfação corporal e qualidade de vida

Essa é uma abordagem especialmente importante para pacientes que já vivenciaram diversas tentativas frustradas de dieta, que apresentam histórico de restrição alimentar, compulsão, ou que desejam um cuidado mais compassivo com a própria saúde.


✨ Conclusão

A prática alimentar comportamental propõe uma transformação na forma como nos relacionamos com a comida. Ela convida ao autoconhecimento, à autonomia e à construção de um caminho possível e sustentável de cuidado com o corpo e a mente.

Mais do que regras, ela oferece ferramentas.

Mais do que resultados rápidos, ela promove mudanças duradouras.

E mais do que controle, ela traz reconexão.


📚 Referências bibliográficas

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO). Diretrizes Brasileiras de Obesidade 2022.

Tribole, E. & Resch, E. (2020). Intuitive Eating: A Revolutionary Anti-Diet Approach. St. Martin’s Essentials.

Albers, S. (2016). Eating Mindfully: How to End Mindless Eating and Enjoy a Balanced Relationship with Food. New Harbinger Publications.

Penna, L. P. et al. (2018). Mindful Eating e sua relação com o comportamento alimentar: uma revisão integrativa. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, 12(72), 618-626.

Polivy, J., & Herman, C. P. (2002). Causes of eating disorders. Annual Review of Psychology, 53, 187–213.

Da Costa, T. H. M. et al. (2017). Atenção plena na alimentação e sua contribuição para o comportamento alimentar e o controle de peso. Ciência & Saúde Coletiva, 22(2), 441-450.

Atinja os seus objetivos com o melhor acompanhamento!
Bruna Candido
Bruna Candido
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