As aves são um grupo de animais muito admirado pelo Homem. Um estudo realizado na Europa sobre a importância da biodiversidade para o bem-estar humano, mostrou uma relação positiva entre o sentimento de bem-estar e o número e diversidade de aves no meio envolvente.
A sua plumagem colorida e a sua habilidade para cantar, desde os tímidos chilreios às harmoniosas sinfonias, contribuem certamente para o nosso bem-estar mas, o que mais admiramos nas aves será, talvez, a capacidade de voar. A existência de asas e penas permitem às aves aproveitar as correntes de ar e manterem-se em voo com baixo dispêndio energético. São fascinantes os seus voos diários mas também as longas viagens de migração, em voos que duram vários dias e se estendem por milhares de quilómetros, atravessando oceanos e continentes.
Por exemplo, o garajau-do-ártico (Sterna paradisea), uma ave com cerca de 100 g de peso, realiza duas vezes por ano uma jornada contínua de dois meses, na qual percorre mais de 20 000 km sobre o mar, entre o Ártico, onde nidifica, e o Antártico, onde passa o inverno.
As aves migram em busca de abundância de alimento, favorecendo a sua reprodução. Acredita-se que as aves usem várias estratégias de orientação como a posição dos astros e o alinhamento com o campo magnético da Terra mas também que as aves tenham a sua rota de migração "inscrita nos genes" e que as seguem umas às outras por instinto.
Entre o fim do inverno e início da primavera, chegam a Portugal cerca de 70 espécies de aves na sua migração estival. Não é por acaso que associamos a chegada da primavera às andorinhas, já que estas aves são das primeiras a chegar ao nosso país, juntamente com o cuco-canoro, andorinhão-preto e o milhafre-preto. Entre as espécies mais tardias, encontram-se a rola-brava, a felosa-poliglota e o papa-figos. No fim do verão, partem novamente para os territórios de inverno mais a sul, dando lugar aos migradores invernantes.