Recebo uma pergunta muito frequente na 1ª consulta: "Qual deveria ser o meu peso?". Enquanto nutricionista, posso dizer que esta pergunta, embora comum, pode ter "mais camadas" do que parece. O peso é só um número na balança, que pode ser útil sim, porém não conta a história toda.
Pensa comigo:
- Ele não reflete como tu te sentes em relação ao teu corpo;
- Nem a tua composição corporal (% de gordura, etc.) ou aparência;
- Nem a tua energia ou bem-estar físico e mental.
E, no fundo, não é tudo isto que procuras? Chegamos ao ponto.
Mas então de onde surgiu isto? Como se começou a dar um número ao que deveríamos pesar? E chamá-lo de ideal?
Adolphe Quetelet foi o "responsável" pai da fórmula conhecida hoje por IMC, ou seja, Índice de Massa Corporal. Adolphe criou uma fórmula para analisar características de populações e compará-las. Descrevendo a "normalidade", ou seja, as características mais comuns, o "padrão". Ele não sonhava que poderia ser utilizada em contexto de saúde. Nunca foi o seu objetivo pelo que se descreve. Contudo as entidades de saúde começaram a interessar-se.
Entenderam que parecia existir uma correlação entre valores de IMC mais altos ("maior peso") e doenças. Foram definidas categorias de peso e daí surgiu "o peso ideal". Mais tarde, o IMC veio a ser utilizado como meio de diagnóstico de obesidade.
Hoje sabemos que não é assim tão simples. O IMC depende apenas do peso e da altura. Embora tenha ajudado a categorizar populações, em casos individuais peca muito pela falta de dados. O teu peso pode variar imenso e isso pouco ou nada se reflete no teu aspeto, volume ou bem-estar.
O teu bem-estar vai muito além de números. Sentir-te bem na tua pele é uma prioridade, mas isso não significa que terás de seguir métricas impostas.