Para alguns sim para outros nem por isso.
A palavra “jejum” é definida como privação voluntária de alguns ou todos os alimentos e bebidas, durante um certo período, por razões terapêuticas, religiosas ou políticas.
O jejum intermitente é a prescrição de uma dieta que alterna entre um período de alimentação e jejum (geralmente não superior a 24 horas).
Os protocolos principais de jejum intermitente são:
- 16/8: 16 horas diárias em jejum e nas restantes 8 horas é permitido o consumo de alimentos.
- 12/12: as horas de jejum e de alimentação são as mesmas, ou seja, 12 horas em jejum e 12 horas de alimentação.
- 5/2: Jejum durante 24 horas, em dias alternados e não consecutivos, 2 vezes por semana. Nos restantes 5 dias decorre alimentação normal. Neste método, só nos dias de jejum é esperada restrição calórica.
- 5/2: ingestão calórica de 15 a 25% das necessidades energéticas diárias durante 2 dias não consecutivos por semana e, 5 dias de descanso com ingestão alimentar habitual.
Sobre o emagrecimento, a evidência científica ainda é controversa quando compara o jejum intermitente com os métodos habituais de perda de peso.
Em humanos o processo de perda de peso é essencialmente comportamental dependente de motivação e, por isso complexo, ao sujeitar a adesão a um plano alimentar.
É frequente ouvirmos testemunhos de várias pessoas como “tenho um amigo que faz jejum intermitente e já perdeu muito peso!”. Parece aliciante e, talvez por essa razão se tenha tornado uma dieta da moda, testada por muita gente. Mas, não resulta com todos... Toda e qualquer dieta que implique restrição alimentar em 16, 12 ou 8 horas, se for cumprida terá sempre resultados positivos.
O jejum intermitente é um método que apenas delimita o período de alimentação, não tem em conta o tipo de alimentos consumidos e a quantidade ingerida. Na perda de peso, não interessa quantas horas passa sem comer, mas sim o que come no período permitido de alimentação.
Importa esclarecer que a ausência de uma alimentação saudável e equilibrada no horário definido como “não jejum” não terá resultados fantásticos como idealiza, pode até provocar o efeito oposto, aumentar peso. Por exemplo, no método 16/8, se nas 8 horas fora do jejum comer de tudo (fast food, produtos de pastelaria, fritos etc) sem controlo, o consumo calórico provavelmente será superior ao gasto, mesmo fazendo 16 horas de jejum. Resultando num número da balança pouco simpático.
Assim, é importante definir estratégias específicas para aumentar a adesão, minimizar as taxas de abandono das intervenções e, ao mesmo tempo, maximizar a melhoria da composição corporal.
Então comer de 3 em 3 horas ou fazer o jejum intermitente é igual? Sim, se o número de calorias que ingerir por dia for equivalente.
Para quem acorda sem fome e “detesta” o pequeno-almoço, o jejum intermitente pode ser uma opção viável devendo ser orientado por um Nutricionista. Se já tentou de tudo, ouviu de tudo e continua com dúvidas, passar fome (ou melhor, fazer jejum) por si só não fará milagres.
Nota: Jejum intermitente está contraindicado para crianças, adolescentes, grávidas, lactantes, idosos e doentes.
Fonte: Attinà A, Leggeri C, Paroni R, et al. Fasting: How to guide. Nutrients. 2021;13(5):1-19. doi:10.3390/nu13051570
Tatiana Fernandes
Nutricionista, CP 2458N