Na procura de factores de risco capazes de serem modificáveis, o sono tem sido muitas vezes esquecido. E com a agitada vida que levamos poucos são os que colocam o sono como prioridade.
Em Portugal, um estudo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia demonstra que 46% dos inquiridos (≥ 25 anos) dormem menos de 6h/dia.
O sono é fundamental para a nossa sobrevivência e por isso a sua privação leva a alterações do funcionamento do nosso organismo. Vários são os estudos que o relacionam com o desenvolvimento de problemas de saúde como hipertensão, doença cardiovascular, diabetes II e excesso de peso e obesidade. Uma meta-análise recente observou que indivíduos com menos ou igual 6h de sono tinham um risco de 45% superior de desenvolver obesidade comparativamente com os dormiam o número de horas recomendadas. Uma das razões apresentadas são os níveis alterados de grelina e leptina, hormonas envolvidas na regulação do apetite e do equilíbrio energético que levam assim ao aumento da ingestão energética e consequentemente do peso. Para além disso também a composição da dieta parece alterar-se com uma maior ingestão de alimentos ricos em gordura e açúcares simples, principalmente entre as refeições principais e ao final da tarde/noite. A falta de sono aumenta também a atividade de zonas relacionadas com o prazer , possivelmente levando-nos a fazer escolhas alimentares mais gratificantes e calóricas.
Para quem faz dietas restritas em hidratos de carbono a qualidade do sono pode também ser afectada, pela diminuição dos níveis de serotonina causados pelo menor fluxo de triptofano (necessário para a sua síntese). A serotonina por sua vez é necessária a para síntese de melatonina, indutora do sono e regulação dos ciclos noite/vigília.
Assim queira ter um estilo de vida saudável ou queira emagrecer procure dar prioridade ao seu sono. E não, não é possível “ compensar” as horas que não dormiu ao fim-de-semana!
DOI: 10.3945/an.116.012336
DOI: 10.3390/nu12010126
DOI: 10.3945/an.115.008623